Mara Leão: um exemplo de força e superação no voleibol
- Foto: Ricardo Haleck
- 28 de out. de 2017
- 5 min de leitura

Mara Leão é uma central, natural de Sabinópolis (MG). A jogadora foi criada em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), com a sua mãe e seus dois irmãos. A atleta de 1,88m é de família humilde, e ingressou no voleibol aos 14 anos, descoberta por uma olheira do Mackenzie no dia de Natal, quando voltava de um passeio ao Parque Municipal com a sua família. Mara insistiu para que a mãe a levasse ao teste, pois ela acreditava que a filha não teria chances de ter um futuro promissor vindo de origem tão pobre. A jogadora teve que ter muita disciplina para vencer na vida, e hoje é um dos grandes destaques do Camponesa/ Minas, além de ter sido eleita a melhor bloqueadora da última edição da Superliga.
Logo depois, a central para o Minas Tênis Clube, e passou também pela base do Fluminense, no Rio de Janeiro.Em 2009, devido aos bons resultados pela equipe carioca, Mara foi medalhista de bronze pela seleção brasileira no Campeonato Mundial Juvenil. A atleta atuou ainda pelo Unilever, atual Sesc- RJ, onde foi campeã da Superliga em 2010/2011 e 2012/2013. Em 2013, participou do Mundial sub-23 pela seleção, onde ficou com a sétima posição, ficando em primeiro lugar no fundamento de bloqueio.
Depois, jogou no São Caetano por duas temporadas, de 2013 a 2015. Em 2015, disputou pela primeira vez uma competição pela seleção principal ganhando o bronze no Grand Prix. Desde 2015, está atuando no Camponesa/ Minas, seu segundo clube no início da carreira. Após a competição de clubes, a central foi convocada para a seleção,
conquistando o Torneio de Montreux, o Grand Prix e o Sul-Americano, além de um vice-campeonato na Copa dos Campeões.
Essa sexta-feira, após o treino realizado no Hebraica, no Rio de Janeiro, Mara conversou com a equipe do Esporte Total sobre a sua experiência na seleção, o início de temporada no Minas, a chegada do técnico italiano e o recado que ela dá para quem quer seguir no esporte, mas passa pelas dificuldades que ela teve no passado. Nesse sábado, o Camponesa/ Minas enfrenta o Fluminense, às 14 h, com transmissão da RedeTV.
Esporte Total: Mara, como você avalia sua evolução com a sua experiência esse ano na seleção brasileira?
Mara Leão: Então, foi uma experiência única para mim, porque apesar de não participar muito jogando, teve a experiência de ver os melhores times do mundo jogando. A experiência de estar ali dentro da quadra me acrescentou muito. Eu busquei filtrar tudo que eu vi e aprender para colocar em prática aqui no Minas. Foi muito bom.
Esporte Total: Qual a sua avaliação sobre esse primeiro ano do novo ciclo olímpico, no qual houve grande renovação?
Mara Leão: A gente está ainda no começo do trabalho, então é normal que às vezes o time oscile um pouco. É o esperado. A gente trabalha muito para isso e pegou muito firme. Aí graças a Deus a gente conseguiu conquistar os três títulos (Torneio de Montreux, Grand Prix e Sul-Americano) e mais um vice da Copa dos Campeões. Mas foi bom até mesmo para mostrar que, apesar da renovação da seleção, pois saíram as principais e agora entraram meninas que não são muito experientes, mas que dão conta do recado, e é só uma questão de tempo para também estar entre os melhores.
Esporte Total: Mara, como você vê o desempenho do time nesse início de temporada?
Mara Leão: Então, a gente começou muito bem, ganhando os dois jogos e conquistando o título do Estadual. Foi espetacular. E esses dois jogos da Superliga até o momento, que foram contra o São Caetano e o Pinheiros, nós sofremos derrotas. No primeiro jogo, contra o São Caetano, a gente realmente não veio com foco realmente no jogo. Demos um apagão e a gente não conseguiu jogar bem contra elas. E o Pinheiros, que é um time muito bom e bate de frente contra qualquer equipe, a gente ralou bastante mas não conseguimos a vitória, perdendo no tie break. Mas a gente vai melhorando durante o tempo e a gente vai correr atrás do prejuízo.
Esporte Total: A questão do entrosamento com a nova levantadora do time (Macris) e a volta das selecionáveis têm a ver com essas dificuldades no início da Superliga?
Mara Leão: Sim, tem bastante a ver. A Macris, que é a levantadora titular, chegou agora ao time. E tem ainda a Hooker, que chegou essa semana ao Brasil. Tem também as meninas novas, como a Karolzinha, que vieram para acrescentar ao time. E tem também a questão do entrosamento, que demora e a gente está bem confiante com o resultado lá na frente. Que é somente uma questão de tempo para que a gente engatilhe e vá embora. Mas tem que ter paciência.
Esporte Total: Mara, qual a sua percepção sobre o novo técnico do time, o italiano Stefano Lavarini?
Mara Leão: Ele é um cara que só veio a somar, apesar de ser italiano. Ele é muito inteligente, ele explica tudo o que ele faz e os treinos são muito bons. Ele pausa e dá um pouco mais de descanso, para que a gente venha a ter um desempenho melhor no jogo. Eu acho ele uma peça muito importante esse ano e acho que ele é muito bom e só veio a acrescentar.
Esporte Total: Qual a expectativa para a partida contra o Fluminense?
Mara Leão: O Fluminense está um time muito bom. Apesar de a gente ter ganho deles lá na Copa Gatorade, no Peru, no mês de setembro, não quer dizer que a gente vá ganhar amanhã. Porque é um time que está jogando dentro de casa, com uma torcida muito forte, que é como se fosse mais um jogador dentro de quadra. E eles são muito equilibrados, conseguem bater de frente contra qualquer time da Superliga. Então, a gente do Camponesa/ Minas vem muito focado para fazer o nossos melhor. E que vença o melhor.
Esporte Total: Você tem uma linda história de superação e é vista como exemplo por muitas meninas. Qual o recado que você dá para quem quer ser jogadora profissional de vôlei, mas que enfrenta no caminho muitas dificuldades, como as que você teve?
Mara Leão: Eu já ralei muito nessa vida. Eu falo às vezes que tem gente que tem vida fácil e que tem gente que tem que trabalhar. Eu sou dessas pessoas que tem que trabalhar muito, tem que ralar muito. Muitas vezes vem alguma coisa fácil para mim e eu acho até estranho. Falo assim: nossa, eu não batalhei para ter aquilo. Eu acho que as pessoas têm que ser muito persistentes e nunca achar que não pode uma coisa. Você pode tudo. A gente sempre pode tudo. Então é acreditar. É trabalho, dedicação e foco. Eu acho que se você tiver isso, você pode ser quem você quiser. Você pode conquistar qualquer coisa na vida. Isso eu sempre tive muito bem. E disciplina, que é o principal.
Esporte Total: Por fim, Mara, qual o recado que você dá para os seus fãs aqui do Rio de Janeiro.
Mara Leão: Meu Deus, eu peço para que venha muita gente torcer para a gente aqui no Hebraica. E como eu já morei muito tempo aqui no Rio, conheço bastante gente. Que venha todo mundo aqui torcer, porque essa torcida do Fluminense é fogo (risos).
Vanessa Huback
Comments